Vamos falar um pouco de música. Para quem já conhece o trabalho dos Los Hermanos, agora é hora de todos os olhares se voltarem para Marcelo Camelo, apenas para o camelo. Depois de uma profícua carreira ao lado dos Hermanos, Camelo nos apresenta Sou/Nós com toda a competência de seu trabalho como o conhecíamos e a energia de um disco em que o artista impõe o seu nome na capa pela primeira vez.
Lançado em 2008 e com o título inspirado no poema visual de Rodrigo Linares, SOU nos parece num primeiro momento um disco melancólico, que é um traço marcante da voz de Camelo, mas é o contrário, SOU é ensolarado e cotidiano, uma autêntica observação do acaso e do banal, embora, por vezes pareça triste e apático. Aliás, apatia é o termo que menos se aplica a Marcelo Camelo que apresenta a força e a vitalidade de um artista com muito chão e produção pela frente.
Camelo nos surpreende e se surpreende a cada novo trabalho, a cada nova empreitada e trafega com liberdade e desenvoltura entre o contemporâneo, que torna SOU universal, e a brasilidade de seu violão e arranjos que nesse disco apontam caminhos tão distintos e familiares quanto a sanfona de Diminguinhos em ‘Liberdade’ e a marchinha carnavalesca em ‘Copacabana’.
Os destaques do discos vão para ‘Janta’ com a belíssima participação de Mallu Magalhães, tão singela e suave que pede para prestarmos atenção ao que estes dois estão cantando, e as faixas ‘Saudade’ e ‘Passando’ executadas em duas versões cada, uma pelo próprio Camelo em voz e violão e outra pela pianista Clara Sverner, duas músicas contemplativas e que denotam a maestria de Camelo na composição de melodias. Outra faixa que merece ser citada é ‘Santa Chuva’, que, famosa na voz de Maria Rita, aparece nesse disco, não como um dilúvio, mas com a sensatez de uma canção para ouvir quietinho, assim como uma suave chuva que cai no telhado de madrugada.
Sem dúvida Marcelo Camelo vem se tornando um dos mais importantes e influentes compositores da atualidade e seu disco solo o apresenta completo. SOU é fundamental em nossa discografia, assim como Camelo na música brasileira, seja cantando sozinho, seja ao lado dos Los Hermanos ou na formação que sua música lhe guiar.
Descobri por acaso este seu canto. Fiquei muito feliz em saber que inaugurou um espaço para que as pessoas, me incluo, possam ler seus escritos com mais frequência. E maior ainda, foi o prazer de encontra uma crítica sobre o CD do Marcelo Camelo, que acho simplesmente tocante, com todos os trocadilhos possíveis. Gostei muito! Abraços!!! Renato.
ResponderExcluirDeixa a Veja ler essa habilidade toda em críticas que é contrato na certa!!! hahaha...
ResponderExcluirVc sabe que admiro essa enorme sensibilidade q vc tem pra descobrir tudo que é bom:
na música,
na dança,
nos livros,
nos palcos... vc é um cara além do seu tempo!
beijosss
Pois vou querer ouvi-lo com certeza!
ResponderExcluirSua crítica me deu agua na boca para ouvir esse CD. E como sempre suas indicações me enriquecem e surpreendem deliciosamente, vou acatar mais essa e saborea-la. Beijinhos.